terça-feira, 4 de agosto de 2015

Luto infantil - coluna da psicóloga Marianna Menezes




Boa tarde!!

Hoje daremos início a uma coluna quinzenal com a Psicóloga Marianna Menezes, na qual serão abordados temas referentes ao universo infantil e que muito nos ajudarão a lidar com as diversas situações do nosso cotidiano junto às nossas crianças. Espero que gostem da novidade! Estou muito feliz em poder trazer esta profissional tão competente para colaborar com o blog! :)

Beijos, Fernanda.


"Olá, queridas leitoras (e leitores),

Sou a Marianna, tenho 30 anos, graduada e pós-graduada em Direito, Advogada, amante da Psicologia e, hoje, Terapeuta Cognitivo-comportamental, com ânfase em trabalhos desenvolvidos com crianças e adolescentes (Beck Institute – Philadelphia – USA). Vou estar com vocês quinzenalmente, contribuindo com algumas informações sobre como a Psicologia pode auxiliá-los em algumas situações com seus filhos. Já tenho alguns temas que costumam ser de interesse corriqueiro, mas gostaria muito do feedback de vocês, então, fiquem a vontade para sugerir, ok?

Hoje vamos falar sobre um tema que costuma ser bem difícil: Luto infantil. Existe, em nossa sociedade, um grande tabu ao falar do tema “morte”, uma palavra “feia”, “impronunciável”, “que pode atrair coisas ruins”, quase como se fosse um palavrão. E se essa dificuldade existe para o adulto, como, então, comunicar a criança, o falecimento de um ente querido? De um pai ou de uma mãe, por exemplo? Pode parecer tarefa quase impossível, irrealizável... mas não é. Primeiramente, é importante saber que as crianças, de acordo com a idade que possuem, se encontram em um estágio de desenvolvimento diferente, apresentando, em consequência, comportamentos, pensamentos, diferentes.

Para crianças de 3-4 anos, que ainda não possuem a noção de irreversibilidade, a morte pode ser reversível (como nos desenhos animados), em razão do seu pensamento mágico. É bastante comum, então, que perguntem se a pessoa querida, ou o animalzinho de estimação, por exemplo, que morreram, não irão retornar. E, como nessa idade, costumam ser bastante literais, importante utilizar o termo “morte” e não “viajou, descansou, dormiu”, para explicar, esses outros termos podem acabar confundindo a cabecinha delas e causando outros medos e traumas, ok?

Crianças entre 5 e 9 anos, já passam a ter noção da irreversibilidade e a compreender o que é a morte, embora, não ainda na profundidade que um conhecimento mais maduro exige; no entanto, é comum acharem que seus entes próximos nunca morrerão.
A partir dos 9 anos, a criança já passa a ter uma noção real do que é a morte, que é definitiva, que animais, plantas, seus entes próximos e ela mesma irão morrer um dia.

O que se pode e o que não se pode fazer na situação ao informar à criança sobre o falecimento de um ente querido?

Em crianças muito novas, 3-4 anos, que ainda não possuem a noção de “morte”, interessante explicar, em linguagem bastante simples, com auxílio de recursos lúdicos, sobre como nosso corpo funciona, o que ocorre quando deixa de funcionar por doença ou por acidente, para que a criança comece a entender os mecanismos, mesmo que ainda precariamente, que nos mantem vivos e o que ocorre quando esses mecanismos falham por alguma razão.

Sempre utilize a palavra “morte” e não os termos “dormiu”, “descansou”, “viajou”; isso pode causar confusão na cabeça e ela pode desenvolver medos das atividades de dormir, descansar, viajar.

A notícia deve ser dada pela pessoa mais próxima a criança e isso será muito importante para que num momento difícil para ela, se sinta amparada e protegida.

Não precisa conter o choro na frente da criança; ela precisa saber que também pode chorar, se sentir vontade. Ao retrair o choro, a criança pode pensar que também precisa fazer o mesmo e isso não será positivo para ela.

Em relação aos ritos (velório, enterro), tudo deve ser explicado a criança, de acordo com a sua idade, (o caixão, a missa, a sepultura) e, a partir da explicação, respeitar sua vontade de ir ou não.

É comum que as crianças se apresentem, num primeiro momento, mais chorosas, irritadiças, com mudanças em seus hábitos alimentares (mais ou menos apetite); no entanto, algumas reações são sinais de um luto inadequado que necessitará de um auxílio profissional para ser contornado: Falta de reação à perda, isolamento, choro excessivo por longos períodos, sentimento de culpa, comportamentos de risco, queda brusca no rendimento escolar, imitação persistente de atitudes, jeito do falecido, pesadelos ou medos frequentes.

Em resumo, o mais importante é ser honesto sobre o tema e responder, pacientemente, a todas as questões da criança, da forma mais clara possível, e quantas vezes for necessário; isso a ajudará a passar por esse momento difícil. E nos casos em que sentir necessidade, pois muitas das vezes, há o sofrimento próprio e a desorganização frente ao falecimento do ente querido, o melhor é procurar ajuda profissional.

Espero ter contribuído com o tema, sintam-se à vontade para enviar dúvidas para o meu e-mail pessoal, responderei tão logo seja possível: marimenezesilvino@gmail.com

Beijos e boa semana!"

*Marianna atende em Natal-RN como Psicóloga da Clínica Boucinhas e da Metacognitiva.


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