Boa tarde!!
Hoje daremos início a uma coluna quinzenal com a Psicóloga Marianna Menezes, na qual serão abordados temas referentes ao universo infantil e que muito nos ajudarão a lidar com as diversas situações do nosso cotidiano junto às nossas crianças. Espero que gostem da novidade! Estou muito feliz em poder trazer esta profissional tão competente para colaborar com o blog! :)
Beijos, Fernanda.
"Olá, queridas leitoras (e leitores),
Sou a Marianna, tenho 30 anos, graduada e
pós-graduada em Direito, Advogada, amante da Psicologia e, hoje, Terapeuta
Cognitivo-comportamental, com ânfase em trabalhos desenvolvidos com crianças e
adolescentes (Beck Institute – Philadelphia – USA). Vou estar com vocês quinzenalmente, contribuindo com algumas
informações sobre como a Psicologia pode auxiliá-los em algumas situações com
seus filhos. Já tenho alguns temas que costumam ser de interesse corriqueiro,
mas gostaria muito do feedback de vocês, então, fiquem a vontade para sugerir,
ok?
Hoje vamos falar sobre um tema que costuma ser bem
difícil: Luto infantil. Existe, em nossa sociedade, um grande tabu ao falar do
tema “morte”, uma palavra “feia”, “impronunciável”, “que pode atrair coisas
ruins”, quase como se fosse um palavrão. E se essa dificuldade existe para o
adulto, como, então, comunicar a criança, o falecimento de um ente querido? De
um pai ou de uma mãe, por exemplo? Pode parecer tarefa quase impossível,
irrealizável... mas não é. Primeiramente, é importante saber que as crianças,
de acordo com a idade que possuem, se encontram em um estágio de
desenvolvimento diferente, apresentando, em consequência, comportamentos,
pensamentos, diferentes.
Para crianças de 3-4 anos, que ainda não possuem a
noção de irreversibilidade, a morte pode ser reversível (como nos desenhos
animados), em razão do seu pensamento mágico. É bastante comum, então, que
perguntem se a pessoa querida, ou o animalzinho de estimação, por exemplo, que
morreram, não irão retornar. E, como nessa idade, costumam ser bastante
literais, importante utilizar o termo “morte” e não “viajou, descansou,
dormiu”, para explicar, esses outros termos podem acabar confundindo a
cabecinha delas e causando outros medos e traumas, ok?
Crianças entre 5 e 9 anos, já passam a ter noção da
irreversibilidade e a compreender o que é a morte, embora, não ainda na
profundidade que um conhecimento mais maduro exige; no entanto, é comum acharem
que seus entes próximos nunca morrerão.
A partir dos 9 anos, a criança já passa a ter uma
noção real do que é a morte, que é definitiva, que animais, plantas, seus entes
próximos e ela mesma irão morrer um dia.
O que se pode e o que não se pode fazer na situação
ao informar à criança sobre o falecimento de um ente querido?
Em crianças muito novas, 3-4 anos, que ainda não
possuem a noção de “morte”, interessante explicar, em linguagem bastante
simples, com auxílio de recursos lúdicos, sobre como nosso corpo funciona, o
que ocorre quando deixa de funcionar por doença ou por acidente, para que a
criança comece a entender os mecanismos, mesmo que ainda precariamente, que nos
mantem vivos e o que ocorre quando esses mecanismos falham por alguma razão.
Sempre utilize a palavra “morte” e não os termos
“dormiu”, “descansou”, “viajou”; isso pode causar confusão na cabeça e ela pode
desenvolver medos das atividades de dormir, descansar, viajar.
A notícia deve ser dada pela pessoa mais próxima a
criança e isso será muito importante para que num momento difícil para ela, se
sinta amparada e protegida.
Não precisa conter o choro na frente da criança;
ela precisa saber que também pode chorar, se sentir vontade. Ao retrair o
choro, a criança pode pensar que também precisa fazer o mesmo e isso não será
positivo para ela.
Em relação aos ritos (velório, enterro), tudo deve
ser explicado a criança, de acordo com a sua idade, (o caixão, a missa, a
sepultura) e, a partir da explicação, respeitar sua vontade de ir ou não.
É comum que as crianças se apresentem, num primeiro
momento, mais chorosas, irritadiças, com mudanças em seus hábitos alimentares
(mais ou menos apetite); no entanto, algumas reações são sinais de um luto
inadequado que necessitará de um auxílio profissional para ser contornado:
Falta de reação à perda, isolamento, choro excessivo por longos períodos,
sentimento de culpa, comportamentos de risco, queda brusca no rendimento
escolar, imitação persistente de atitudes, jeito do falecido, pesadelos ou
medos frequentes.
Em resumo, o mais importante é ser honesto sobre o
tema e responder, pacientemente, a todas as questões da criança, da forma mais
clara possível, e quantas vezes for necessário; isso a ajudará a passar por
esse momento difícil. E nos casos em que sentir necessidade, pois muitas das
vezes, há o sofrimento próprio e a desorganização frente ao falecimento do ente
querido, o melhor é procurar ajuda profissional.
Espero ter contribuído com o tema, sintam-se à
vontade para enviar dúvidas para o meu e-mail pessoal, responderei tão logo
seja possível: marimenezesilvino@gmail.com
Beijos e boa semana!"
*Marianna atende em Natal-RN como Psicóloga da Clínica Boucinhas e da Metacognitiva.
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