quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Ansiedade de separação - Coluna da psicóloga Marianna Menezes

Bom dia!!

Hoje traremos um tema super importante de ser abordado para que os pais possam identificar esta fase e lidar da melhor maneira possível, compreendendo que a ansiedade de separação faz parte do desenvolvimento normal de todas as crianças e que, dentro dos parâmetros considerados normais, não há com o que se preocupar. Muitas mães se preocupam com o fato de seus filhos não ficarem com outras  pessoas, chorarem quando elas saem de perto, ou não dormirem se não for com elas do lado. Mas vc sabia que pequenas atitudes suas podem ajudar a diminuir essa ansiedade (ou mesmo agravar)? A psicóloga Marianna Menezes traz pra gente um texto rico, cheio de explicações e dicas práticas para o dia a dia. Espero que gostem!
Beijos, Fernanda.

"Olá, caras leitoras e caros leitores!

Hoje vamos falar sobre um tema que suscita alguns questionamentos: A ansiedade da separação. Mas o que esse nome carregado de expectativas significa? Vamos às explicações.

Quando os bebês se desenvolvem no ventre da mãe, e mesmo pouco depois que nascem, sentem junto a ela um sentimento de unidade, como se iniciassem onde ela termina e vice-versa; como unidade. A partir do momento que desenvolvem-se mental, física e emocionalmente, passam a perceber que detém pensamentos, sentimentos e estrutura física distintos e começam a ganhar independência. Bem nesse período os teóricos relatam o surgimento de um medo de abandono conhecido como “Ansiedade de separação”.

Isso ocorre porque os bebês ainda não possuem a capacidade a noção de reversibilidade das coisas e acreditam que, quando as pessoas somem, podem não mais retornar. Em razão disso, é comum observarmos uma fase nos bebês em que “se agarram” às figuras de cuidado e choram a menor tentativa de separá-los delas.

Assim, é muito importante que haja uma preparação prévia desse bebê para que a ansiedade e angústia vividas nessa fase sejam minimizadas. Construa, desde antes do nascimento, um forte vínculo com seu filho, amor é a base para que desenvolva a confiança necessária para explorar o mundo novo que se descortina à sua frente. Esteja atento às suas necessidades de alimentação, troca de fralda, sono, isso fará com que se sinta mais seguro e acolhido. Sorria e converse sempre com seu pequeno, isso ajudará na formação dos laços pai/mãe-bebê. Pratique separações rápidas diariamente (brinque de esconder o rosto; estimule para que brinque com outra pessoa; aproveite momentos de distração dele para sair “à francesa”, todavia, faça algum som, ruído para que ele continue a perceber sua presença). Evite que seu bebê fique passando de colo para colo, isso é o maior gerador de ansiedade de separação para o bebê.

Importante compreender a ansiedade de separação como algo positivo, normal e até causador de certo envaidecer dos pais que, por terem proporcionado cuidados e amor ao bebê, sentem essa necessidade que eles sentem de estar perto, num laço afetivo fortemente construído.

Existem algumas dicas para melhor preparar o bebê para a ansiedade de separação, em caso de mães que precisam estar ausentes parte do tempo:

– Brinque com seu filho, assim, ele saberá que apesar das ausências você retorna e esse momento acaba sendo muito bom.
– Acostume seu filho com outras pessoas.
– Sempre despeça-se: explique que irá se ausentar mas que, brevemente, estará de volta.
– Caso necessário, embale-o e permaneça a seu lado até que durma.
– Demonstre seu amor com palavras e gestos de carinho e cuidado que para sinta-se seguro e protegido.

A ansiedade de separação, vale salientar, é um processo normal, vivido pelas crianças, necessário a seu desenvolvimento e diferenciação enquanto ser individual, não obstante, quando passa a níveis exagerados, pode-se estar falando do “Transtorno de Ansiedade de Separação”, constante no DSM V  e no CID 10. Dessa forma, caso sejam notados:

(1) sofrimento excessivo e recorrente frente à ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de vinculação
(2) preocupação persistente e excessiva acerca de perder, ou sobre possíveis perigos envolvendo figuras importantes de vinculação
(3) preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma figura importante de vinculação (por ex., perder-se ou ser seqüestrado)
(4) relutância persistente ou recusa a ir para a escola ou a qualquer outro lugar, em razão do medo da separação
(5) temor excessivo e persistente ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras importantes de vinculação em casa ou sem adultos significativos em outros contextos
(6) relutância ou recusa persistente a ir dormir sem estar próximo a uma figura importante de vinculação ou a pernoitar longe de casa
(7) pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação
(8) repetidas queixas de sintomas somáticos (tais como cefaléias, dores abdominais, náusea ou vômitos) quando a separação de figuras importantes de vinculação ocorre ou é prevista

Vale evidenciar que a perturbação deve ter duração mínima de 4 semanas, iniciar-se antes dos 18 anos, seja causa de sofrimento clinicamente significativo ou prejudique o funcionamento social, acadêmico (ocupacional) ou outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Algumas causas contribuem para o surgimento do transtorno, quais sejam:
• Instabilidade familiar;
• Extrema dificuldade em se adaptar a novos contextos e mudanças;
• Ansiedade em demasia e permissividade por parte dos cuidadores da criança;

Lembrando que a ansiedade da separação é normal e faz parte do desenvolvimento do indivíduo, porém, quando os sintomas extrapolarem o limite tido como aceitável, o ideal é procurar ajuda especializada.

Como sempre, me coloco à disposição para esclarecimento de quaisquer dúvidas.

Forte abraço!"

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