quarta-feira, 16 de setembro de 2015

The Terrible 2: A terrível fase dos dois anos (A adolescência das crianças) - coluna da psicóloga Marianna Menezes



Boa tarde!!

Alguém por aí passando pela fase dos "terrible two"? Aqui ainda não chegamos lá, mas Bianca é tão geniosa e brabinha que eu tenho até medo de quando chegarmos. Tento ao máximo ser firme na educação dela para que, lá na frente, essa fase seja menos trabalhosa. A educação começa desde cedo e ensinar seu filho que existem regras ajudam a fazê-lo compreender "nãos", diminuindo a intensidade das birras. Sim, diminuindo, afinal, você também não pode esperar que um bebê não faça birra nunca, né? Mas ele precisa passar por isso, viver frustrações e perceber que as coisas não são sempre do jeito dele faz parte do seu desenvolvimento. Não tem muito segredo... tem que ser firme desde cedo com a criança e não ceder ao primeiro choro de manha. E paciência, muita paciência, afinal, como se sabe, isso passa! Hoje temos a visão profissional da psicóloga Marianna Menezes sobre este tema, cheio de dicas e explicações valiosas para quem vive (ou ainda vai viver) esta fase. Vamos ler?

Beijos, Fernanda.


"Olá cara leitora/caro leitor! 

Você certamente já ouviu falar da “terrível fase dos dois anos”, que causa até um arrepio dita dessa forma. Pois bem, esse será nosso assunto de hoje, pra desmistificar e mostrar que, talvez, não seja tão terrível assim, na verdade, é incrível, se você mudar a perspectiva. 

“The terrible two”, como costuma ser conhecida essa fase, ao contrário do que muitos pensam, não é fruto de pais inaptos a educar seus filhos, ou de crianças mimadas, birrentas. O que ocorre é que, nessa fase, de pleno desenvolvimento, o cérebro de seu filho está sendo “encharcado” de substâncias químicas, o que amplifica o sentido das experiências vividas. Fale-se, em verdade, de um significativo desenvolvimento cerebral, que irá gerar consequências nos processos intelectuais e isso é visível no ganho do vocabulário (por meio da melhora na competência linguística), percebe-se um pensamento mais ordenado e a expressão melhor de ideias, além do aumento de independência que lhes garante uma capacidade maior para explorar o mundo e passar a tomar suas primeiras decisões como seres que, agora, passam a ter suas vontades. Só é importante frisar que nem toda criança apresenta esse padrão comportamental, ainda que essa fase seja parte do desenvolvimento.
Dessa maneira, quanto melhor os pais e outros adultos que convivem com a criança, lidarem com a situação, mais esparsas irão se tornando as crises, até que essa fase seja superada. Existem pesquisas que sinalizam nesse sentido, concluindo que crianças assistidas por adultos mais compreensivos, apresentam menos estresse nessa fase. Ao revés, culturas mais individualistas, costumam ressaltar essa fase como mais problemática e demorada. 

Nesse viés, alguns pontos merecem ser observados, a fim de que os efeitos dessa fase sejam minimizados e que os pais e a criança possam vivê-la com mais tranquilidade: 

1. Atente para a rotina do seu filho; Hoje é comum crianças terem rotinas tão exaustivas quanto os adultos (aulas, reforços, esportes, idiomas). Além do estresse, essa sobrecarga acaba também por
reduzir o convívio social numa fase tão importante. Fiquem atentos a seus filhos e, a qualquer sinal de estresse, reduza a carga de atividades dele. 

2. Quando perceber alguma frustração de seu filho na impossibilidade de realizar algum atividade, encoraje-o a prosseguir, sempre com serenidade e carinho. 

3. Só negocie o possível, o razoável, e aí entrará uma dose de bom senso que a experiência lhe trará; 

4. Diálogo sempre é a melhor das soluções; apesar da pouca idade, existe a capacidade de compreensão, explique a seu filho o que irá acontecer para minimizar surpresas e já deixem tudo combinado. Por exemplo: Filho, vamos precisar ir ao médico hoje, ele vai te examinar, vai usar um palito para olhar sua boca e assim por diante. 

5. Dê-lhe opções, quando possível. Por exemplo, ele não poderá ditar o que quer de almoço, mas poderá escolher entre arroz e macarrão. 

6. Proporcione um certo tempo à criança para lidar com a frustração. Não recolha, por exemplo, os brinquedos abruptamente e a leve embora de qualquer jeito; antes, avise que se aproxima a hora de irem e que ela deve arrumar suas coisas para que vocês possam ir. 

7. Atente para estressores comuns como sono, fome, irritação por estarem doentes e respeite os limites da criança; isso diminui as chances de crises.

8. Jamais use chantagens, especialmente as que envolvem seu amor por elas; isso poderá gerar ainda mais birras, ou pior, inseguranças e medos. 

Por fim, lembre sempre que a “crise dos dois anos” faz parte de um processo de desenvolvimento importantíssimo para que as crianças adquiram independência e aprendam a expressar suas insatisfações e frustrações, necessárias ao aprendizado de regras de convívio social. 

Entretanto, respeitar não é anuir com tudo o que a criança deseje, como vimos, limites são essenciais também a sua formação, a essência então é o respeito. Para o que se deve atentar, então, são às respostas comportamentais que podem sinalizar outros problemas, como agressividade em demasia, alterações no apetite ou sono, medos, isolamento social. Ao menor sinal desses comportamentos, uma ajuda especializada deverá ser procurada, ok? 

Como sempre, espero poder ter contribuído e deixo meu contato pessoal a disposição para eventuais dúvidas ou sugestão de outros temas para nossos posts futuros (marimenezesilvino@gmail.com)! 

Um grande abraço, leitores e uma excelente semana!"

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