terça-feira, 1 de setembro de 2015

A chegada de um irmão - coluna da psicóloga Marianna Menezes




Boa tarde!!
Hoje a nossa colunista psicóloga Marianna Menezes abordou um assunto que tira o sono de muitas mamães que esperam (ou pensam em ter) o segundinho. O que fazer para que a chegada de um irmãozinho não traga desestrutura para a família e o filho mais velho não se sinta excluído, acarretando comportamentos preocupantes. Por aqui ainda não penso em ter o segundinho, mas confesso que sempre que considero essa possibilidade tais desdobramentos chegam a me preocupar (sem contar o cansaço extremo que eu sofri no início). Enfim, vamos ver o que a psicóloga tem a nos dizer sobre um tema tão delicado.
Beijos, Fernanda.

"Olá caras(os) leitoras(es)!

Nossa coluna quinzenal, hoje, abordará um tema bastante delicado e costuma dar trabalho às mamães e papais: Como lidar com o primogênito ante à chegada de um novo filho?
Importante saber que toda mudança, por mais planejada que seja, costuma ser desorganizadora; não poderia ser diferente com a chegada de um novo filho, que é uma mudança significativa na vida de uma família, por mais estrutura que possua.  Além das questões pessoais do: “será que dou conta de mais um?”, “será que tenho condições financeiras de criar mais um?”, “como ficará minha rotina quando ele chegar?”, existe o “e como o meu outro filho vai reagir?”
Existe uma crendice de que “ser pai de um segundo filho é mais fácil” pela experiência que se teve, entretanto, cada experiência é única e a chegada de um novo filho implica adaptações a todos, especialmente aos pais enquanto família nuclear. Nascido o caçula, os pais deparam-se com uma nova realidade em que precisam repartir seus horários entre dois filhos: um bebê que demanda cuidado integral e um filho mais velho que clama por atenção.
Com isso, não digo que o  ciúme por parte do primogênito não deve existir, ou é passível de ser prevenido, antes, ele é absolutamente normal e cumpre seu papel, isto é, nossa tarefa não será extinguí-lo, mas procurar provocar respostas mais adaptativas. Desta maneira, vislumbram-se alguns comportamentos no primogênito, como: agressividade, regressão a estágios anteriores do desenvolvimento, birras, isolamento, dificuldade de aprendizagem, dentre outros, e que costumam ocorrer não apenas quando do nascimento, mas já no período da gestação e hospitalização da mãe. Esses comportamentos são fruto de as crianças se sentirem inseguras, temerosas, culpadas, com sensação de abandono, manifestando comportamentos que evidenciem essa gama de sentimentos que as tomam e as deixam confusas.
Diante disso, o que fazer, então? Há uma série de medidas que podem ser adotadas pelos pais que auxiliarão a passar por esse período com mais tranquilidade, no que diz respeito ao filho mais velho:

1.    Primeiro de tudo, torne-o partícipe de cada etapa: Vale ajudar na escolha das cores do quarto do irmãozinho, ir a consulta de ultrassonografia, escolher um presente ou objetos do quarto, enfim, torná-lo bastante envolvido na chegada do irmão, cercando-o de atividades prazerosas e estimulantes nesse sentido.
2.    Se ele já consegue verbalizar, deixe-o expressar as razões do seu ciúme e aproveite esse momento para desmistificar qualquer pensamento mágico como: “eles vão amá-lo mais que a mim”, “eles vão achá-lo mais bonito e engraçado”, “eu vou ficar de escanteio”, “vou perder muitas coisas para ele” e toda a gama de dúvidas que possam estar rondando a cabecinha do seu filho.
3.    Mesmo em meio a correria de ser mãe de um recém-nascido, que lhe demanda quase todas as forças, horários e atenção, reserve um tempo, ainda que curto, para realizar alguma atividade com seu primogênito e faça desse momento único de vocês dois, explicando-lhe que, por mais que seja pouco tempo, pelos cuidados que o irmãozinho demanda, esse tempo é só de vocês dois e ele nunca deixará de ser importante e ter espaço em sua vida.
4.    Solicite-lhe ajuda em algumas tarefas em que pode contribuir, ajudando-lhe com o irmão caçula (banho, troca de fralda, mamadeira), será mais um momento dele junto a você, além de aproximá-lo do irmão. Lembre-se apenas de respeitar a vontade e limites dele nesse sentido para, ao invés de ser uma atividade prazerosa e que irá aproximar a todos, não seja um momento de desprazer e obrigação, gerando mais insatisfação e mais ciúme.
5.    Procure elogiar seus progressos e atitudes positivas para com o irmão mais novo, afim de reforçar tais comportamentos e diminuir as chances de comportamentos regressivos.
6.    Mostrar-lhe fotos de quando era bebê e explicar que ele também passou por todas aquelas fases e demandou todo aquele cuidado e tempo e que, assim como ele, o irmão logo crescerá e o tempo poderá ser melhor dividido entre todos.
7.    Mostrar a ele a vantagem de ser mais velho e todas as coisas que já pode fazer e poderá ensinar ao irmão mais novo. Ressaltar, inclusive, que esse irmão poderá ser seu grande amigo e companheiro de brincadeiras, de estudo, da vida.
8.    Não caia na paranoia de exigir silencio do seu filho o tempo inteiro; sempre válido lembrar que recém nascidos precisam se adequar a rotina da casa (horários, sons, hábitos) e não o inverso.
9.    Se possível, evite muitas mudanças ao mesmo tempo (casa, escola, cidade); A chegada de um irmão, por si só, já altera a dinâmica familiar e causa certa desorganização que já demandam uma delicada adaptação da criança, dessa forma, quanto menos mudanças nesse período, melhor.
10. Por fim, seja firme ante o aparecimento de comportamentos negativos; mostre o que fez de errado, explique o por quê e que não irá tolerar dali para a frente; importante frisar que o comportamento foi ruim, e não a criança.

Mas o mais importante de tudo é o diálogo aberto e o espaço para a expressão de tudo o que se passa; entretanto, observando-se comportamentos muito agressivos (inclusive dirigidos ao bebê), isolamento, queda no rendimento escolar, comportamentos regressivos (voltar a usar fralda ou chupeta, falar errado), aconselhável procurar ajuda psicológica especializada, ok? Quanto antes sua criança for acompanhada, menores as chances de apresentar algo mais preocupante e que demande um acompanhamento mais demorado.
Qualquer dúvida, só mandar através do blog ou pelo meu email pessoal!


Um abraço e até breve!"

*Marianna atende em Natal-RN como Psicóloga da Clínica Boucinhas e da Metacognitiva.

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