Boa tarde!!
Hoje a nossa colunista psicóloga Marianna Menezes abordou um assunto que tira o sono de muitas mamães que esperam (ou pensam em ter) o segundinho. O que fazer para que a chegada de um irmãozinho não traga desestrutura para a família e o filho mais velho não se sinta excluído, acarretando comportamentos preocupantes. Por aqui ainda não penso em ter o segundinho, mas confesso que sempre que considero essa possibilidade tais desdobramentos chegam a me preocupar (sem contar o cansaço extremo que eu sofri no início). Enfim, vamos ver o que a psicóloga tem a nos dizer sobre um tema tão delicado.
Beijos, Fernanda.
"Olá
caras(os) leitoras(es)!
Nossa coluna quinzenal, hoje, abordará um tema bastante delicado e
costuma dar trabalho às mamães e papais: Como lidar com o primogênito ante à
chegada de um novo filho?
Importante saber que toda mudança, por mais planejada que seja, costuma
ser desorganizadora; não poderia ser diferente com a chegada de um novo filho,
que é uma mudança significativa na vida de uma família, por mais estrutura que
possua. Além das questões pessoais do:
“será que dou conta de mais um?”, “será que tenho condições financeiras de
criar mais um?”, “como ficará minha rotina quando ele chegar?”, existe o “e
como o meu outro filho vai reagir?”
Existe
uma crendice de que “ser pai de um segundo filho é mais fácil” pela experiência
que se teve, entretanto, cada experiência é única e a chegada de um novo filho
implica adaptações a todos, especialmente aos pais enquanto família nuclear. Nascido o caçula, os pais
deparam-se com uma nova realidade em que precisam repartir seus horários entre
dois filhos: um bebê que demanda cuidado integral e um filho mais velho que
clama por atenção.
Com isso, não digo que o ciúme
por parte do primogênito não deve existir, ou é passível de ser prevenido,
antes, ele é absolutamente normal e cumpre seu papel, isto é, nossa tarefa não
será extinguí-lo, mas procurar provocar respostas mais adaptativas. Desta
maneira, vislumbram-se alguns comportamentos no primogênito, como: agressividade, regressão a estágios anteriores do desenvolvimento,
birras, isolamento, dificuldade de aprendizagem, dentre outros, e que costumam
ocorrer não apenas quando do nascimento, mas já no período da gestação e
hospitalização da mãe. Esses comportamentos são fruto de as crianças se
sentirem
inseguras, temerosas, culpadas, com sensação de
abandono, manifestando comportamentos que evidenciem essa gama de sentimentos
que as tomam e as deixam confusas.
Diante disso, o que fazer,
então? Há uma série de medidas que podem ser adotadas pelos pais que auxiliarão
a passar por esse período com mais tranquilidade, no que diz respeito ao filho
mais velho:
1. Primeiro de tudo, torne-o partícipe de cada etapa: Vale ajudar na
escolha das cores do quarto do irmãozinho, ir a consulta de ultrassonografia,
escolher um presente ou objetos do quarto, enfim, torná-lo bastante envolvido
na chegada do irmão, cercando-o de atividades prazerosas e estimulantes nesse
sentido.
2. Se ele já consegue verbalizar, deixe-o expressar as razões do seu
ciúme e aproveite esse momento para desmistificar qualquer pensamento mágico
como: “eles vão amá-lo mais que a mim”, “eles vão achá-lo mais bonito e
engraçado”, “eu vou ficar de escanteio”, “vou perder muitas coisas para ele” e
toda a gama de dúvidas que possam estar rondando a cabecinha do seu filho.
3.
Mesmo em meio a correria de ser
mãe de um recém-nascido, que lhe demanda quase todas as forças, horários e
atenção, reserve um tempo, ainda que curto, para realizar alguma atividade com
seu primogênito e faça desse momento único de vocês dois, explicando-lhe que,
por mais que seja pouco tempo, pelos cuidados que o irmãozinho demanda, esse
tempo é só de vocês dois e ele nunca deixará de ser importante e ter espaço em
sua vida.
4.
Solicite-lhe ajuda em algumas tarefas
em que pode contribuir, ajudando-lhe com o irmão caçula (banho, troca de
fralda, mamadeira), será mais um momento dele junto a você, além de aproximá-lo
do irmão. Lembre-se apenas de respeitar a vontade e limites dele nesse sentido
para, ao invés de ser uma atividade prazerosa e que irá aproximar a todos, não
seja um momento de desprazer e obrigação, gerando mais insatisfação e mais ciúme.
5.
Procure elogiar seus progressos e
atitudes positivas para com o irmão mais novo, afim de reforçar tais
comportamentos e diminuir as chances de comportamentos regressivos.
6.
Mostrar-lhe fotos de quando era bebê
e explicar que ele também passou por todas aquelas fases e demandou todo aquele
cuidado e tempo e que, assim como ele, o irmão logo crescerá e o tempo poderá
ser melhor dividido entre todos.
7.
Mostrar a ele a vantagem de ser mais
velho e todas as coisas que já pode fazer e poderá ensinar ao irmão mais novo.
Ressaltar, inclusive, que esse irmão poderá ser seu grande amigo e companheiro
de brincadeiras, de estudo, da vida.
8.
Não caia na paranoia de exigir
silencio do seu filho o tempo inteiro; sempre válido lembrar que recém nascidos
precisam se adequar a rotina da casa (horários, sons, hábitos) e não o inverso.
9.
Se possível, evite muitas mudanças ao
mesmo tempo (casa, escola, cidade); A chegada de um irmão, por si só, já altera
a dinâmica familiar e causa certa desorganização que já demandam uma delicada adaptação
da criança, dessa forma, quanto menos mudanças nesse período, melhor.
10. Por fim, seja firme ante o aparecimento de comportamentos negativos;
mostre o que fez de errado, explique o por quê e que não irá tolerar dali para
a frente; importante frisar que o comportamento foi ruim, e não a criança.
Mas o mais importante de tudo é
o diálogo aberto e o espaço para a expressão de tudo o que se passa;
entretanto, observando-se comportamentos muito agressivos (inclusive dirigidos
ao bebê), isolamento, queda no rendimento escolar, comportamentos regressivos
(voltar a usar fralda ou chupeta, falar errado), aconselhável procurar ajuda
psicológica especializada, ok? Quanto antes sua criança for acompanhada,
menores as chances de apresentar algo mais preocupante e que demande um
acompanhamento mais demorado.
Qualquer dúvida, só mandar
através do blog ou pelo meu email pessoal!
*Marianna atende em Natal-RN como Psicóloga da Clínica Boucinhas e da Metacognitiva.
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