quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Objetos transicionais - coluna da psicóloga Marianna Menezes

Qual criança não tem aquele apego especial àquela naninha ou paninho? É comum demais vermos isso e bastante consolador para a criança, especialmente quando está longe da mãe (como por exemplo em seu bercinho sozinha à noite, ou mesmo fora de casa). Ao se agarrar nesse objeto é como se ela sentisse segurança e conforto. Por aqui Bianca não gostou tanto de naninha, acho que a parte da cabecinha do bichinho incomodava ela em algumas posições pra dormir. Ela se atracou na fraldinha de pano e, confesso, acho a coisa mais linda desse mundo ela abraçando seu paninho! Quando ela tá com soninho ou mesmo chora por algum motivo, basta se agarrar nele que se acalma. Mas, até quando a criança vai usar este objeto? Que nome se dá a ele? É saudável tentar tirar da criança? Vamos ver o que a psicóloga Marianna Menezes tem a nos dizer sobre este assunto! Espero que gostem!
Beijos, Fernanda.

"Olá, queridas leitoras e queridos leitores.
Quem aqui não conhece ou é protagonista da história de um cobertor/ chupeta /bicho de pelúcia/ lençol/ travesseiro pelo (s) qual (is) se nutriu (ou nutre) tamanho afeto, a ponto de atribuir-lhe(s) nome e devotá-lo(s) imenso carinho? Pois é, estamos diante dos chamados objetos transicionais e esse será o tema da nossa coluna de hoje.
Em geral, por volta dos dos 6 meses de vida, o bebê que antes se encontrava absolutamente dependente do cuidado materno, em estado fusional, tendo todas as suas necessidades atendidas prontamente pela mãe, passa a ter a dimensão de que existe um mundo externo, nem sempre pronto a atender às suas necessidades de imediato.
Diante desta realidade, é comum aos bebês se apegarem a um determinado objeto (geralmente oferecido pela própria mãe), levando-o consigo durante todo o tempo, inclusive na hora de dormir e/ou repetir com frequência determinados comportamentos. 
Nesta fase em que surgem os primeiros elementos de fala, balbucios, os objetos transionais passam a ganhar nomes. Percebe-se, pois, que os objetos transicionais nada mais são que “substitutos da mãe” (bem entre aspas porque, obviamente, longe estão de ocupar a função materna em sua singularidade), numa fase em que o bebê começa a descobrir que sua dependência absoluta da mãe, torna-se, em verdade, cada vez mais relativa, e a se descobrir enquanto ser diferenciado desta, singular. Trata-se de um objeto, paradoxalmente, externo (material/palpável) e interno (com a dimensão subjetiva que ganha).
Sobre os objetos transicionais, importante frisar, não recai apenas amor e cuidado, mas toda a gama de sentimentos e emoções experimentados pela criança, funcionando, pois, como importante propulsor no desenvolvimento da criança e amenizador do processo da angústia de separação. Assim, passa a ser fonte de consolo, apoio e segurança.
Winnicott, teórico expoente a discorrer sobre o tema, cita alguns comportamentos comuns das crianças para com seus objetos transicionais: a criança afirma direitos sobre o objeto; o objeto é amado e odiado, querido e renegado, cuidado e mutilado.
É comum aos pais procurarem “trocar” esses objetos por acreditarem estar sujos, desgastados e alguns, trabalhosos em serem mantidos; entretanto, importante frisar que o objeto deve ser escolhido pela criança pela importância simbólica que representará em sua vida.
Com o passar do tempo, esses objetos serão postos de lado, devendo-se respeitar o tempo da criança. NÃO EXISTE, é importante dizer, IDADE CERTA para que o objeto transicional deixe de acompanhar a criança. Cada uma, em sua singularidade, possui seu próprio tempo."

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